quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Olimpíadas
Os
atuais Jogos Olímpicos de Londres são uma ocasião para nossa reflexão sobre os
valores cristãos de disciplina, fraternidade, paz e reconciliação do mundo,
através dos esportes.
São
Paulo Apóstolo escrevendo aos Coríntios, familiarizados com os jogos olímpicos,
partilhou a admiração desses povos helenos pelas proezas dos atletas nos
estádios, tirando do seu exemplo lições para a nossa vida espiritual (cf. 1 Cor
9, 24-25).
A religião não é alheia ao
esporte e a Igreja sempre apoiou o desporto sadio. A finalidade do verdadeiro
esporte é tornar o corpo são e dócil para que paralelamente a alma possa se
robustecer e enobrecer. Na alta Idade Média, a verdadeira e não a falsa que
muitas vezes historiadores superficiais tentam nos impingir, houve uma
florescência ideal do verdadeiro desporto cristão. O Barão Pedro de Coubertin,
renovador dos Jogos Olímpicos da atualidade, cuja iniciativa foi encorajada
pelo Papa São Pio X, assim escreve: “A Idade Média conheceu um espírito
desportivo de intensidade e vigor provavelmente superiores aos que conheceu a
própria antiguidade grega”. Ele atribui isso à influência primordial da
religião que criou uma atmosfera das mais favoráveis à eclosão e
desenvolvimento do espírito cavalheiresco que consiste na “lealdade praticada
sem hesitação” (Pierre de Coubertin,
Em 22 de julho último, após
o “Ângelus”, o Papa Bento XVI, falou sobre os Jogos Olímpicos de Londres: “As
Olimpíadas são o maior acontecimento esportivo mundial, nas quais participam
atletas de muitas nações, revestindo-se assim de um alto valor simbólico. É por
isso que a Igreja católica as olha com uma simpatia e atenção particulares”.
Ele convidou os católicos a rezar para que “segundo a vontade de Deus, os Jogos
de Londres sejam uma verdadeira experiência de fraternidade entre os povos da
Terra”. “Eu dirijo minhas saudações aos organizadores, aos atletas e aos
expectadores, e eu rezo para que, no espírito da trégua olímpica, a boa vontade
gerada por este acontecimento esportivo internacional traga frutos, promovendo
a paz e a reconciliação no mundo”.
O Cura d'Ars
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Um Santo Cientista II
São Pedro - Bento XVI
quarta-feira, 20 de junho de 2012
O Padroeiro dos políticos
terça-feira, 12 de junho de 2012
Santos Juninos
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Festa de Corpus Christi
terça-feira, 5 de junho de 2012
Um Cientista Santo
quarta-feira, 16 de maio de 2012
O Segredo de Fátima
Família - Igreja
O Trabalho Dignificado
terça-feira, 17 de abril de 2012
Um Lugar Perigoso
Dom Fernando Arêas Rifan*
Na sociedade, há um lugar privilegiado, especialmente seguro, refúgio para todos os seus membros: a família, “santuário da vida”, “igreja doméstica”. Na família, há uma pessoa especial, a mãe, geradora da vida, objeto especial do nosso amor, pois é aquela da qual nascemos. E na mãe, há um lugar “sagrado”, o útero materno, sacrário onde a vida é gerada. Assim, no santuário da vida, a família, está esse sacrário da vida, o útero materno, lugar como que sagrado, protegido e seguro. O próprio Deus, quando enviou o seu Filho ao mundo para habitar entre nós, o aconchegou em um útero materno, o da Santíssima Virgem Maria, no qual o Verbo se fez carne e começou a ser um de nós. Por isso dizemos a Maria Santíssima: “bendito é o fruto do vosso ventre”, repetindo a saudação de Isabel (Lc 1, 42).
Chamava o Papa São Pio X de monstruosa e detestável iniquidade, própria do tempo em que vivemos, a pretensão do homem se colocar no lugar de Deus. Foi a tentação dos nossos primeiros pais. E vejamos os absurdos consequentes dessa pretensão. Probo ex absurdo!
No caso do aborto provocado, quando uma vida humana em gestação é assassinada, sob qualquer pretexto, é no útero materno que tal crime acontece, portanto no lugar mais sagrado do mundo, e, deveria ser, no lugar mais protegido por todas as leis do mundo.
Se uma criança já está fora do útero materno, após seu nascimento, não importando o tempo de sua gestação, até bem antes dos nove meses normais, ela é protegida por lei, em qualquer país civilizado, e seu assassinato é por todos considerado um crime hediondo. Todos condenam o infanticídio, seja por que pretexto for. Eu já tive que realizar batismo de urgência em berçários de hospitais e pude ver os cuidados e proteção com que cercam os bebês recém-nascidos, com toda assepsia exigida, para que não sejam contaminados e corram risco de vida.
Mas se a criança ainda está no útero materno, a proteção não é tão segura e ela não é tão protegida pela lei, dos homens, é claro, variável segundo a determinação dos homens que fazem as leis ou as interpretam. Eles assim, colocando-se no lugar de Deus, pretendem determinar até quando e onde a vida deve ser protegida ou não, até quando vale a pena ser vivida ou não.
Se uma criança, produto de um estupro, nasceu, mata-la é infanticídio. Mas no útero materno, em certos países, pode. Se um bebê “anencéfalo” nasceu, está nos braços da mãe ou no berçário, ainda que dure poucas horas, dias, ou mais como já aconteceu, mata-lo seria crime hediondo. Mas, se ainda está no útero materno, pode ser morto, sem problemas. Daí se chega ao absurdo, em países onde o aborto é permitido até aos nove meses, de, a criança estando para nascer, mas não é desejada, o médico perfurar o seu crâneo e mata-la antes de retira-la, pois assim ele é protegido pela lei, caso contrário, alguns minutos depois, ele seria um criminoso.
Assim, o útero materno, ao invés de ser um lugar seguro, tornou-se, por vontade dos homens, um lugar perigoso e arriscado. Fora dele se estaria seguro. Nele, corre-se o risco de ser assassinado sem maiores problemas. É a lógica dos homens, que pensam ser Deus.
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney
domingo, 8 de abril de 2012
Os Discípulos de Emaús
UM FATO EXTRAORDINÁRIO
Dom Fernando Arêas Rifan*
A Páscoa, maior festa religiosa do calendário cristão, é a celebração da gloriosa Ressurreição de Jesus Cristo, a sua vitória sobre o pecado, sobre a morte e sobre a aparente derrota da Cruz.
Cristo ressuscitou glorioso e triunfante para nunca mais morrer, dando-nos o penhor da nossa vitória e da nossa ressurreição. Choramos a sua Paixão e nos alegramos com a vitória da sua Ressurreição. Para se chegar a ela, para vencer com ele, aprendemos que é preciso sofrer com ele: “Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). “Que por sua Paixão
e morte de Cruz cheguemos à glória da Ressurreição”. O Calvário não foi o fim.
Foi o começo de uma redenção, de uma nova vida. A Páscoa é, portanto, a festa
da alegria e a da esperança na vitória futura.
Como figura,
esta festa já existia no Antigo Testamento. Era a celebração da libertação da
escravidão do Egito, na qual sofreram os israelitas, povo de Deus, por muitas
gerações, sendo libertados por Moisés que, por ordem do Senhor, fulminou os
egípcios com as célebres dez pragas. Na última dessas pragas, na passagem do
anjo de Deus (Páscoa quer dizer passagem, em hebraico), os egípcios foram
castigados com a morte dos seus primogênitos, ao passo que os hebreus foram
poupados pelo sangue do cordeiro que imolaram, conforme o Senhor havia
prescrito. Todos os anos, em ação de graças, eles repetiam, por ordem de Deus,
essa ceia de Páscoa: milhares de cordeiros eram imolados na sexta-feira antes
da Páscoa.
São João Batista, ao apresentar Jesus ao
povo, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo!” Esse
Cordeiro de Deus, numa sexta-feira antes da Páscoa foi também imolado,
realizando, com o seu sangue, a libertação do mundo do pecado, ressuscitando no
terceiro dia. Essa é a nossa festa da Páscoa, a festa da Ressurreição de
Cristo, o verdadeiro Cordeiro de Deus, o fim do Antigo Testamento e o começo da
nova Aliança entre Deus e os homens, o início da Igreja.
“Se se considera a importância que tem o
sábado na tradição do Antigo Testamento, baseada no relato da criação e no
Decálogo, torna-se evidente que só um acontecimento com uma força
extraordinária poderia provocar a renúncia ao sábado e sua substituição pelo
primeiro dia da semana. Só um acontecimento que se tivesse gravado nas almas
com uma força fora do comum poderia haver suscitado uma mudança tão crucial na
cultura religiosa da semana. Para isso não teriam bastado as meras especulações
teológicas. Para mim, a celebração do Dia do Senhor, que distingue a
comunidade cristã desde o princípio, é uma das provas mais fortes de que aconteceu
uma coisa extraordinária nesse dia: o descobrimento do sepulcro vazio e o
encontro com o Senhor Ressuscitado” (Bento XVI – Jesus de Nazaré II).
Feliz
e Santa Páscoa para todos: que todos fiquemos alegres com a esperança que Jesus
Cristo nos dá com o seu triunfo, penhor da nossa vitória um dia no Céu, onde
todos esperamos nos encontrar.
*Bispo da Administração Apostólica
Pessoal
São João Maria Vianney
sábado, 7 de abril de 2012
terça-feira, 3 de abril de 2012
O Povo e a Massa
O POVO E A MASSA
Dom Fernando Arêas Rifan*
Estamos na Semana maior do ano, a Semana Santa, na qual recordamos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, Nosso Senhor. Sua aparente derrota no Calvário é suplantada pela vitória da sua gloriosa Ressurreição, que celebraremos na Páscoa.
Em Jesus Cristo, Deus feito homem, morto e ressuscitado para a nossa salvação, o coração humano encontra a solução para todos os seus problemas, a resposta a todas as suas dúvidas e a plena realização de todas as suas esperanças. Com ele aprendemos a alegria do amor gratuito, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte. Ali encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação (cf. Bento XVI, Porta Fidei).
A Semana Santa é cheia de lições para nós: o amor infinito e gratuito de Jesus por nós, pecadores, sua paciência sem limites, seu desejo de reconciliar com Deus a humanidade pecadora, pela qual ofereceu seu sacrifício, a crueldade dos carrascos, a inveja dos fariseus e doutores da lei, a fraqueza e covardia de Pilatos, a louca avareza de Judas, a atitude medrosa dos discípulos em fuga, a fortaleza de Nossa Senhora, a coragem das santas mulheres, a oração comovente do Bom Ladrão e o triunfo da sua Ressurreição. Quanta matéria para reflexão!
Mas, ocorre-nos uma questão intrigante: a mudança repentina do “povo” que pediu a morte de Jesus, depois de tê-lo aclamado rei no Domingo de Ramos. Como pode ocorrer uma mudança assim em cinco dias? Gritaram “hosana ao Filho de Davi” no Domingo e “crucifica-o” na sexta-feira seguinte?! Será que foi o mesmo “povo” ou foi outro? Ou houve alguma mudança que transformou sua mentalidade e comportamento?
Na verdade, não foi o verdadeiro povo que preferiu Barrabás a Jesus e pediu a sua morte. Foi a massa, manobrada pela aristocracia do templo, à qual se juntaram, para pressionar, os partidários de Barrabás, enquanto os seguidores de Jesus, o povo simples e bom, permaneceram escondidos de medo. Portanto, a vox populi realmente não foi válida, porque não correspondeu à realidade de “voz do povo” (cf. Bento XVI, Jesus de Nazaré II).
Ou pode ser até que as mesmas pessoas, que antes eram povo, então se tornaram massa! Como assim? Qual a diferença? O povo raciocina, a massa não. O povo caminha, a massa é conduzida. O povo segue racionalmente, a massa é manipulada cegamente. O povo percebe os embustes, a massa é alvo fácil de quaisquer demagogos e propagandistas. “O povo vive, a massa é inerte e não se move se não do exterior, fácil joguete nas mãos de quem quer que lhe explore os instintos e as impressões, pronta a seguir, alternadamente, hoje esta bandeira e amanhã aquela” (Pio XII). Assim, o povo aclamou espontaneamente Jesus no domingo de Ramos. A massa, manipulada, pediu sua morte.
Sejamos nós o povo de Deus, racional e consciente, discípulos convictos de Jesus Cristo, firmes na fé e na doutrina cristã, e não a massa manobrável por pressões, sentimentos e propaganda, fácil presa das emoções, do medo, das seitas, dos formadores de opinião, da acomodação e do argumento da maioria.
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney