terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Publicamos aos nossos amigos o artigo de nosso Bispo Dom Fernando Arêas Rifan.



VISÃO CRISTÃ DA ECONOMIA

Dom Fernando Arêas Rifan*

Acabo de participar, de 24 a 28 de janeiro, nos Estados Unidos, de um Congresso para Bispos, com a presença de 2 cardeais e 50 Bispos de 18 nacionalidades, promovido pelo Acton Institute, instituição universitária voltada para estudos de economia e sociologia à luz da Doutrina social da Igreja. O congresso deste ano intitulou-se “Economias e culturas em transição: a resposta da Igreja na era secular”.
Na palestra inicial, o Cardeal George Pell, de Sydney, Austrália, falou sobre o papel do Bispo Católico na Sociedade Secular atual, explanando sobre a tensão básica que existe entre a cosmovisão judaico-cristã e o secularismo, resultando dela uma grande ameaça para a cultura. O hedonismo, as drogas, o jogo e a pornografia geram enormes mercados. Na nova era tecnológica, a elite cultural que lidera o mundo e são formadores de opinião, desestima a religião, considerando-a antiquada. Ele frisou que as palavras secularismo e laicismo acabam sendo eufemismos para significar ateísmo. Mostrando que a Igreja tem uma visão coerente dos problemas sociais, ele insistiu na fidelidade ao Magistério, lembrando que não podemos ser católicos de “buffet”, escolhendo só o que nos agrada da Doutrina católica.
Entre as muitas palestras, ressalto a de Dr. Samuel Gregg, doutor em Filosofia da Universidade de Oxford e autor de vários livros, que versou sobre a crise econômica e cultural da Europa, sugerindo que a Igreja não deve se envolver no diagnóstico das causas nem se ocupar da promoção de soluções econômicas específicas, mas atacar a crise nas áreas da moral e da cultura, recordando às pessoas que vivem na mentira, que isto tem consequências no mundo, inclusive na economia.
Discorrendo sobre os efeitos culturais do capitalismo, o Dr. Michael Matheson Miller, graduado em várias universidades e pesquisador em países da Europa, Ásia e África, falou sobre a retidão da economia de mercado, as críticas aos efeitos negativos do capitalismo, dos quais muitas vezes ele não é a causa, mas a ocasião, dando a fórmula para a crise: a razão reabilitada e purificada pela Fé, o progresso temperado pela Esperança e a liberdade purificada e orientada para o Amor.
O Padre Roberto Sirico, diretor, tratou do tema solidariedade e subsidiariedade, dois conceitos inseparáveis da visão social cristã, sobretudo no trato com a pobreza.
Muito interessante foi a palestra do Sr. Frank Hanna, banqueiro e empresário, falando sobre a sua visão cristã do capital e da empresa. Em sua explanação, ele disse que tem 50 milhões de dólares, perguntando-nos quantos de nós seriam tão ricos como ele. Todos riram. E ele disse que essa nossa admiração era devido ao fato de que se costuma definir riqueza como sinônimo de bens materiais, uma visão de fundo marxista. Discorreu sobre o que é realmente riqueza, falando sobre o pecado contra a esperança, que destrói a riqueza, mesmo material. As virtudes e não os vícios são a maior riqueza que podemos ter.

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney

terça-feira, 24 de janeiro de 2012








10 ANOS da Administração apostólica São João Maria Vianney!!!!

Dom Fernando Arêas Rifan*

Dia 18 deste mês de janeiro, fez 10 anos da criação da nossa Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, evento que celebraremos durante todo esse ano de 2012, usando como lema a frase do salmo 88: “Misericordias Domini in aeternum cantabo” – “Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor”, e como tema: “10 anos de graças: gratidão, reflexão e missão”. Fim de uma crise, começo de uma nova história.
Por ocasião do Jubileu do ano 2000, proclamado pelo saudoso Papa Beato João Paulo II, a Santa Sé propôs uma reconciliação aos padres da União Sacerdotal São João Maria Vianney. Fui portador da carta ao Papa, que chorou ao ouvir sua leitura, na qual dizíamos:
“Beatíssimo Padre, humildemente prostrados aos pés de Vossa Santidade, nós, Sacerdotes da União Sacerdotal São João Maria Vianney, da Diocese de Campos..., pedimos vênia para formular ao Vigário de Cristo o nosso pedido e manifestar-lhe a nossa gratidão. Não temos nenhum título para Lhe apresentar: somos os últimos sacerdotes do seu presbitério. Não possuímos nem distinções, nem qualidades, nem méritos. A nossa condição, honrosa aliás, de ser ovelha desse rebanho basta para atrair a atenção de Vossa Santidade. O único título que, pela graça de Deus, ostentamos com brio é o de católicos apostólicos romanos. E em nome dessa nossa Fé católica apostólica romana temos nos esforçado por guardar a Sagrada Tradição doutrinária e litúrgica que a Santa Igreja nos legou e, na medida das nossas fracas forças e amparados pela graça de Deus, resistir ao que o seu predecessor de egrégia memória, o Papa Paulo VI, chamou de ‘autodemolição da Igreja’, esperando desse modo estar prestando o melhor serviço à Vossa Santidade e à Igreja. Beatíssimo Padre, embora sempre nos tenhamos considerado dentro da Igreja Católica, da qual nunca jamais tivemos a intenção de nos separar, contudo devido à situação da Igreja e a problemas que afetaram os católicos da linha tradicional, que são do conhecimento de Vossa Santidade e cremos, enchem o seu coração e o nosso de dor e angústia, fomos considerados juridicamente à margem da Igreja. É esse o nosso pedido: que sejamos aceitos e reconhecidos como católicos... E se, por acaso, no calor da batalha em defesa da verdade católica, cometemos algum erro ou causamos algum desgosto a Vossa Santidade, embora a nossa intenção tenha sido sempre servir à Santa Igreja, humildemente suplicamos o seu paternal perdão...” (15/8/2001).
Em sua resposta afirmativa, o Papa afirma: “acolhendo com afeto o vosso pedido de ser recebidos na plena comunhão da Igreja Católica, reconhecemos canonicamente a vossa pertença a ela”, e nos assegura que a nossa União Sacerdotal será “erigida canonicamente como Administração Apostólica de caráter pessoal, diretamente dependente da Sé Apostólica”, “forma jurídica de reconhecimento da vossa realidade eclesial, para assegurar o respeito de vossas características peculiares”. A realização dessa vontade do Papa concretizou-se no dia 18 de janeiro de 2002, na Catedral diocesana de Campos. Fim da divisão! Uma vitória da Igreja!

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney