OLIMPÍADAS
Dom Fernando Arêas Rifan*
Os
atuais Jogos Olímpicos de Londres são uma ocasião para nossa reflexão sobre os
valores cristãos de disciplina, fraternidade, paz e reconciliação do mundo,
através dos esportes.
São
Paulo Apóstolo escrevendo aos Coríntios, familiarizados com os jogos olímpicos,
partilhou a admiração desses povos helenos pelas proezas dos atletas nos
estádios, tirando do seu exemplo lições para a nossa vida espiritual (cf. 1 Cor
9, 24-25).
A religião não é alheia ao
esporte e a Igreja sempre apoiou o desporto sadio. A finalidade do verdadeiro
esporte é tornar o corpo são e dócil para que paralelamente a alma possa se
robustecer e enobrecer. Na alta Idade Média, a verdadeira e não a falsa que
muitas vezes historiadores superficiais tentam nos impingir, houve uma
florescência ideal do verdadeiro desporto cristão. O Barão Pedro de Coubertin,
renovador dos Jogos Olímpicos da atualidade, cuja iniciativa foi encorajada
pelo Papa São Pio X, assim escreve: “A Idade Média conheceu um espírito
desportivo de intensidade e vigor provavelmente superiores aos que conheceu a
própria antiguidade grega”. Ele atribui isso à influência primordial da
religião que criou uma atmosfera das mais favoráveis à eclosão e
desenvolvimento do espírito cavalheiresco que consiste na “lealdade praticada
sem hesitação” (Pierre de Coubertin, La Pédagogie Sportive ). O
cristianismo tem, pois, grande influência no jogo limpo, no “fair-play”.
Em 22 de julho último, após
o “Ângelus”, o Papa Bento XVI, falou sobre os Jogos Olímpicos de Londres: “As
Olimpíadas são o maior acontecimento esportivo mundial, nas quais participam
atletas de muitas nações, revestindo-se assim de um alto valor simbólico. É por
isso que a Igreja católica as olha com uma simpatia e atenção particulares”.
Ele convidou os católicos a rezar para que “segundo a vontade de Deus, os Jogos
de Londres sejam uma verdadeira experiência de fraternidade entre os povos da
Terra”. “Eu dirijo minhas saudações aos organizadores, aos atletas e aos
expectadores, e eu rezo para que, no espírito da trégua olímpica, a boa vontade
gerada por este acontecimento esportivo internacional traga frutos, promovendo
a paz e a reconciliação no mundo”.
Por
ocasião do campeonato europeu de futebol 2012, Bento XVI, em sua mensagem,
citou o Beato João Paulo II: “As
potencialidades do fenómeno desportivo tornam-no instrumento significativo para
o desenvolvimento global da pessoa e fator muito útil para a construção de uma
sociedade mais humana. O sentido de fraternidade, a magnanimidade, a
honestidade e o respeito pelo corpo — sem dúvida virtudes indispensáveis para
todos os bons atletas — contribuem para a edificação de uma sociedade civil na
qual o ‘agonismo’ substitua o antagonismo, o encontro prevaleça sobre a
competição e o confronto leal sobre a contraposição vingativa. Entendido desta
maneira, o desporto não é um fim, mas um meio; pode tornar-se veículo de
civilização e distração genuína, estimulando a pessoa a pôr em campo o melhor
de si e a evitar o que pode ser perigoso ou de grave prejuízo para si mesmo e
para os outros”.
*Bispo da Administração
Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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