terça-feira, 6 de março de 2012

A Dignidade da Mulher

A DIGNIDADE DA MULHER

Dom Fernando Arêas Rifan*

No dia 8 de março, se comemora o dia internacional da mulher, ocasião propícia para nos determos um pouco nas reflexões do Papa Bv. João Paulo II, na sua Carta Apostólica Mulieris dignitatem, sobre a dignidade e a vocação da mulher.

Cristo se constituiu, perante os seus contemporâneos, promotor da verdadeira dignidade da mulher e da vocação correspondente a tal dignidade. Às vezes, isso provocava estupor, surpresa, muitas vezes raiando o escândalo: ‘ficaram admirados por estar ele a conversar com uma mulher’ (Jo 4, 27), porque este comportamento se distinguia daquele dos seus contemporâneos. Em todo o ensinamento de Jesus, como também no seu comportamento, não se encontra nada que denote a discriminação, própria do seu tempo, da mulher. Ao contrário, as suas palavras e as suas obras exprimem sempre o respeito e a honra devidos à mulher. Isso se torna ainda mais explícito no tocante àquelas mulheres que a opinião comum apontava com desprezo como pecadoras, pecadoras públicas e adúlteras”.

“Devemos nos colocar no contexto do ‘princípio’ bíblico, no qual a verdade revelada sobre o homem como ‘ imagem e semelhança de Deus’ constitui a base imutável de toda a antropologia cristã. ‘Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou, criou-os homem e mulher’ (Gn 1, 27). Esta passagem concisa contém as verdades antropológicas fundamentais: o homem é o ápice de toda a ordem criada no mundo visível; o gênero humano, que se inicia com a chamada à existência do homem e da mulher, coroa toda a obra da criação; os dois são seres humanos, em grau igual o homem e a mulher, ambos criados à imagem de Deus. Esta imagem e semelhança com Deus, essencial para o homem, o homem e a mulher transmitem-na, como esposos e pais, aos seus descendentes: ‘Sede fecundos e multiplicai-vos, povoai a terra’ (Gn 1, 28)”. Sobre a dignidade da maternidade, diz o Papa: “O dom recíproco da pessoa no matrimônio abre-se para o dom de uma nova vida, de um novo homem, que é também pessoa à semelhança de seus pais. Os esposos participam do poder criador de Deus!”.

Uma notícia triste: em nossa pátria, quer-se a todo custo introduzir o crime do aborto, ou seja, o assassinato intrauterino. Amanhã será uma data significativa: a Comissão da Reforma do Código Penal tem uma audiência pública com os senadores da Comissão de Constitucionalidade do Senado para tratar desse assunto. Infelizmente a revisão do Código Penal está na linha pró-aborto, pois o anteprojeto é favorável ao aborto e até à eutanásia, mesmo as pesquisas mostrando que 71% da população brasileira não querem qualquer mudança na lei do aborto e que somente 7% são a favor da descriminalização do aborto (Datafolha).

Vamos, portanto, por escrito ou por telefone, recordar aos nossos senadores que somos contra a legalização do aborto, e que eles exijam da comissão para a revisão do Código Penal que deixem os artigos que tratam do aborto exatamente como estão e não introduzam nenhum dispositivo para regulamentar a prática da eutanásia.

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal

São João Maria Vianney

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